Brahman

​ Criado em mais de 70 países, o brahman é um bovino altamente adaptado às mais diversas condições climáticas. Do frio às altas temperaturas, o animal permanece com suas características de maturidade sexual e de acabamento de carcaça.
Por volta da mesma época em que os primeiros zebuínos entraram no Brasil, final do século XIX e início do XX, nos Estados Unidos também essa espécie bovina começou a fazer uma revolução na pecuária sulina, especialmente nos estados próximos ao Golfo do México, entre esses, a Louisiana e o Texas.

Uma diferença existiu entre os dois países na criação do então novo gado. Enquanto o nosso país se preocupou em formar grupos distintos raciais (Nelore, Gir, Guzerá) e um híbrido entre as raças indianas (Indubrasil), no hemisfério norte, foram feitos cruzamentos direcionados com as diversas raças que importadas (Nelore, Guzerá, Gir, Khrisna Valley, Sindi, Cangaiam, Tharparkar, Indubrasil e talvez outras ainda) e focaram mais nas características quantitativas.
Os pioneiros do zebu americano estavam impressionados com aquele gado com uma corcova nas costas e o quanto ele respondia bem a poucos cuidados. Viam nele a solução do impasse para a difícil criação de raças especializadas europeias, que não se adaptavam bem ao clima do sul do país, não conseguiam produzir bem carne usando os mesmos europeus que o norte utilizava.
As importações de cabeças vindas diretamente da Índia e até do Brasil foram em pequeno número (por volta de 300 cabeças) e com a maioria de machos. A formação da nova raça teve que ser por cruzamento absorvente em cima dos taurinos existentes.

Isso não era o fundamental. A intenção era conseguir aumentar o contingente com aquelas características produtivas que o gado de “longas orelhas da Louisiana” (Big Eared Lousiana) possuía. E a procura daqueles exemplares era crescente.

Os animais suportavam bem as dificuldades com o clima, os parasitas internos e externos, as doenças e convertiam melhor as pastagens de baixa qualidade.
Do Brasil saiu um grupo de animais (de criadores uberabenses e fluminenses) dirigido ao México em 1924 e, devido às dificuldades que aquele outro país enfrentava, a maior parte da exportação acabou indo para os Estados Unidos. Isso foi fundamental para firmar o grupo étnico que estava em plena efervescência.

O depoimento do cientista A. O. Road com relação a isso é marcante: “O Brahman não tinha deslanchado, existia apenas um punhado de devotos e o efetivo era pequeno. A importação do Brasil aumentou o interesse pelo Brahman, devido à excelente qualidade dos animais brasileiros. Eram grandes, musculosos, sólidos indivíduos, embora fossem uma cruza de sangue indiano, com nítida preferência de Guzerá, com alguma evidência de Gir e do Nelore”.
A American Breeders Brahman Association, que cuida da raça nos Estados Unidos, foi fundada em 1924 e o nome pelo qual o gado é conhecido – o Brahman – significa UM NOVO CICLO.
Realmente, o Brahman representou uma divisão de águas na pecuária americana. Tornou possível uma pecuária de corte rentável, usando-o como grupo étnico ou em cruzamentos com as raças europeias especializadas.
Isso foi tão forte que outros países quiseram também utilizar o Brahman e o importaram.

Hoje, a raça está presente em mais de 70 países e com ótimos resultados. Aquele que inicialmente era um bicho curioso, considerado somente para jardins zoológicos, passou a ser o agente modificador para acréscimo na produção de carne e até em cruzamentos de gado de leite para aumentar a rusticidade desses plantéis.

Muitos foram os atributos que o gado tem no seu perfil que se somam e o valorizam. Entre eles: docilidade e habilidade materna.

A docilidade ajuda muito no manejo do rebanho e faz com que a qualidade da carne seja melhor. Os animais ficam pouco resistentes à presença do homem, não se debatem e, no transporte até o frigorífico, não terão escoriações e áreas de perda na carcaça devido a edemas, por exemplo.

A habilidade materna é importantíssima, porque bezerro bem alimentado e cuidado ganha mais peso durante a amamentação e consegue melhor desempenho no pós-desmame.

Oficialmente, o Brahman começou no Brasil em 1994, no mês de abril, quando chegou a primeira importação vinda dos Estados Unidos sob toda a vigília do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Foi um trabalho longo, com várias pessoas se empenhando para que mais uma raça zebuína tivesse seu lugar na nossa pecuária. Chegou, já demonstrou que veio para ficar e tem contribuído muito.
 
Características
O Brahman é um gado que chama à atenção junto aos outros zebuínos que já estavam aqui (raças puras ou sintéticas desenvolvidas pelos brasileiros). Tem uma morfologia ótima para produção de carne. Seu tórax é profundo, de costelas bem espaçadas e um ótimo volume gastrointestinal, bem funcional. Isso já denota boa capacidade respiratória e digestiva, fundamentais para um bovino produtivo. Sem oxigenação, boa troca de gases, e sem uma boa área de absorção intestinal, nenhuma raça poderá produzir bem. As raças mais precoces têm isso bem marcante. O dorso-lombo e garupa, onde se localizam as carnes mais nobres, são regiões do Brahman com bom volume e todo o posterior também é de ótimo desenvolvido, muita convexidade. E tudo isso, ainda em idade jovem. O gado é precoce. Na desmama, já se nota uma grande diferença quando comparado a outros criatórios.

Quanto às características raciais, existem animais que vão desde o cinza bem claro (que alguns chamam de branco) até o cinza escuro com extremidades quase negras (que é uma pelagem conhecida como azulega), outros animais vermelhos em todas as nuances. Os machos, geralmente tendem a ser mais escuros que as fêmeas. A pele é preta. A cabeça tem perfil de retilíneo a subconvexo e orelhas médias, largas, com pontas arredondadas e uma leve reentrância no bordo inferior. Existem mochos de nascença e a amochação é permitida pelo Serviço de Registro Genealógico das Raças Zebuínas, feita pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), delegada do Ministério da Agricultura.

Nas exposições agropecuárias brasileiras, é a raça de maior crescimento na participação e é crescente, em progressão geométrica, esse desempenho. Nota-se também pelos leilões que são realizados nas diversas regiões que o interesse é grande e os lotes são bem disputados. A procura de touros é grande e os compradores têm retornado para seguidas aquisições.

Como em qualquer raça bovina, um bom balizador para se enxergar como caminha a raça é a demanda de seus machos. Se isso acontece é porque aquela genética soma para o produtor melhorar o seu produto.
É interessante também a utilização da raça por pequenos produtores de leite que usam os touros Brahman ou as inseminam com eles. O bezerro nasce com mais agilidade, crescem mais sadios e com a venda de machos e fêmeas conseguem buscar reposição com menor custo. Já compram fêmea em lactação com a venda de quatro bezerros desmamados. As bezerras são vendidas para os que procuram receptoras para os programas de transferência de embriões ou fertilizações in vitro.

O Brahman tem as qualidades zootécnicas do zebuíno, aliadas a muitas dos taurinos. Por isso, na lista estão: rusticidade, precocidade, resistência a doenças e aos endo e exoparasitas, habilidade materna, boa conversão alimentar, docilidade, conformação frigorífica, rendimento de carcaça, qualidade de carne. Tem provado que tem “selo de qualidade” desde a seleção natural dos seus ancestrais. Reúne produtividade com qualidade, as duas palavras que mais insistimos como objetivos para todos que desejam participar do mercado mundial.

Numa terra abençoada como é o Brasil, comprovadamente produtora de carne para o mundo e que, só internamente, tem demanda potencial da ordem de 60 milhões de consumidores de cortes de carne nobre, a raça caminha firmemente para fortalecimento ainda maior da oferta. Além de tudo, é belo. Quer zootecnicamente, necessidade quanto raça, ou quer pela sua plasticidade, paixão de brasileiro, esteta por natureza.
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